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sábado, 24 de julho de 2010

Existirmos, a que será que se desTina?

Conheci Tina no colégio Contato, em 1999, quando diziam que o mundo iria acabar. Eu era um fumante de 14 anos, e pedindo cigarros conheci Paulo Moita, que logo me apresentou a Tina, amiga antiga do colégio Salesiano. Não foi amizade à primeira vista. Ela me julgava como julgava a quase todos naquele colégio: um playboyzinho de merda, segundo me contou muitos anos depois. E ainda tinha o agravante de eu estar roubando o grande amigo dela na escola.

Mas não demorou muito para que nos tornássemos bons amigos. Com nossas conversas enfumaçadas, íamos descobrindo afinidades, como o fascínio por Chico Buarque. Ela já mostrava uma grande aversão por aquele clima de high school de filme americano, com seus jogos de aparência, status, winners e losers. Eu estava deslumbrado com a possibilidade de ser o doidão que fazia sucesso e tirava boas notas.

“Somos atores que se confundiram com seus personagens”, canta BNegão, que me deu o privilégio do ver Tina tietando quase a la fã de Backstreet Boys (acho que essa referência tá antiga, mas enfim, a gente já não é tão novo) no show dele. Eu segui à risca o processo descrito pela música naquele ano, e o resultado foi uma crise que me afastou não só de Tina, mas de todos os meus amigos.

Nos anos seguintes, enquanto eu vivia boa parte das histórias que meus amigos usam para ilustrar o quanto eu era sem noção, Tina conheceu o grande Domingueiras, navegador de águas calmas, contraponto perfeito para os seus maremotos. Desse encontro de águas surgiu Luna, a criança mais inteligente que já conheci. Eu não estive perto nesse período. Tenho uma única lembrança de ver Luna bebezinha na casa de Camila. Quando me reaproximei de Tina e tive o privilégio de conhecer melhor Domingueiras e a filha deles, Luna já tinha três anos e o dom de desabar o queixo dos adultos brincando com as palavras.

De lá pra cá, a minha amizade com Tina só cresceu, transformando-a numa irmã que não veio dos meus pais, e sim da vida. Perdi as contas das ótimas conversas que já tive com ela. Por isso mesmo, não gostei da fase dela em que ela tirava atenção da gente para se dedicar aos seus jogos tarja preta. Felizmente, hoje ela usa drogas mais leves, a gente consegue ter o prazer de sua atenção.

Agora, Tina vai passar por um processo que vai reduzir bastante o seu peso. Eu torço para que essa leveza se espalhe por todas as áreas da vida dela. Que ela se sinta tão bem consigo quanto eu me sinto na presença dela. E, se o mundo como nós o conhecemos realmente acabar em 2012, que o sítio dela tenha espaço para mim e Lili.

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